Entidade divulga parte de lista com sugestões a presidenciáveis e cita dificuldades nos financiamentos para o setor
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou ontem uma lista de sugestões aos candidatos à Presidência da República, na qual pede mais recursos e facilitação ao acesso de pequenas e médias empresas a financiamentos para pesquisa e desenvolvimento. O documento Propostas da Indústria para as Eleições 2014 aponta que as linhas de crédito são positivas, mas empreendedores de menor porte enfrentam dificuldades quando criam novos negócios, porque não podem oferecer garantias, ou quando precisam de recursos não reembolsáveis, essenciais a investimentos de risco.
O cenário cria entraves ao desenvolvimento da economia porque inibe a criação de sistemas que tragam maior eficiência e produtividade ao País, conforme a CNI. O foco da entidade é principalmente na falta de recursos públicos para subvenção, que não precisam ser devolvidos ao governo, que, assim, compartilha os riscos pela inovação com as empresas.
De acordo com a CNI, “o crédito é adequado quando o investimento está sujeito apenas ao risco de mercado, mas não quando estão em jogo elevados riscos tecnológicos”. A entidade reconhece a colaboração do Inova Empresa, do governo, para o aumento de financiamentos reembolsáveis, mas cita que há volume bem menor do tipo de recurso que não precisa ser devolvido.
Integrante do Grupo Macroeconomia Estruturalista do Desenvolvimento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Luciano D’Agostini acredita que falta um plano nacional para o setor para todos os candidatos. “Se considerarmos o volume de recursos para pesquisa em relação ao tamanho do orçamento do governo, realmente é pouco. Mas, mesmo que insuficiente, há crédito disponível e o problema é a falta de acesso.”
Ele considera que as pequenas e médias empresas têm dificuldades em ter acesso aos financiamentos porque a complexidade dos processos para obter dinheiro público demanda um especialista só para participar de editais. “O governo tem de fazer o papel dele e divulgar, mas também o pequeno empresário precisa se mexer”, diz.
O consultor do Conselho da Micro e Pequena Indústria da Federação da Indústria do Estado do Paraná (Fiep), Pedro Skraba, inclui ainda a baixa capacidade de dar garantias para financiamentos entre os problemas enfrentados. Ele lembra que a Constituição Federal já prevê o tratamento diferenciado para micro e pequenas empresas, de forma a ampliar o desenvolvimento econômico no País. “Bastaria que se cumprisse a lei.”
No entanto, Skraba afirma que os recursos acabam diluídos entre universidades e secretarias voltadas à tecnologia, o que impede que cheguem ao destino final. Por isso, pede uma intermediação entre os agentes. “Falta aproximar entidades de pesquisa, que hoje são principalmente as universidades públicas, das pequenas empresas, assim como facilitar o acesso aos recursos”, diz ele, que sugere a criação de mais sociedades garantidoras de crédito como uma das soluções.
Propostas
O documento elaborado pela CNI prevê 42 estudos com recomendações sobre os principais temas para o desenvolvimento na próxima década, como educação e macroeconomia. A entidade tem divulgado propostas parciais e pretende enviar a íntegra aos presidenciáveis até o dia 21.
Fábio Galiotto
Fonte: Folha de Londrina