O e-consumidor está mais descuidado

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Do ano passado para cá, mais pessoas estão fazendo compras pela internet e, apesar desse dado positivo para os sites de e-commerce, o medo de fraudes ainda impede que mais consumidores façam compras online. Além disso, quem compra pela web está se protegendo menos. As constatações são da pesquisa sobre o comportamento dos usuários na internet realizada pela Fecomercio de São Paulo. O estudo foi apresentado durante o VI Congresso de Crimes Eletrônicos, encerrado ontem.

De acordo com o levantamento, que ouviu mil entrevistados em São Paulo, em maio, 58,6% realizam compras pela internet, percentual maior do que o apurado na pesquisa do ano passado, que era de 55,9%. O principal motivo para as aquisições pela internet, apontado por 55,5% dos consumidores digitais, foi a praticidade. Outros 34,5% disseram que o atrativo para comprar pela web foi um bom preço.

Por outro lado, entre os entrevistados que negaram fazer compras online, 25,7% apontaram que o motivo é o medo de fraudes. Do total dos entrevistados, 80,8% revelaram temer ataques de hackers e fraudes em dispositivos móveis e computadores pessoais. Neste ano, 18% dos entrevistados disseram que foram vítimas de crime digitais, um percentual praticamente estável na comparação com o do ano passado, que foi de 17,9%.

Do total, 44,5% responderam que a clonagem de cartão de crédito ou de débito foi o principal crime do qual o entrevistado ou alguém de sua família foi vítima. No ano passado, o percentual de pessoas que revelaram ter sido vítimas deste crime foi de 31,8%. O segundo principal problema, para 16,5% dos entrevistados, foi ter comprado de empresas fantasmas na internet. Já outros 14,8% dos entrevistados tiveram os dados pessoais furtados e usados.

Para Renato Opice Blum, presidente do Conselho de TI (Tecnologia da Informação) da Fecomercio SP, a pesquisa trouxe dados mais positivos esse ano, já que a proporção de pessoas que passaram a comprar na internet foi maior do que o crescimento dos problemas na rede. O que chamou a atenção, segundo Blum, foi que as pessoas demonstraram estar mais descuidadas ou relaxadas em relação à própria segurança. “Para se proteger, o consumidor deve tomar uma série de medidas conjuntas. Deve utilizar softwares de proteção contra vírus, ler inteiramente os termos de uso dos sites nos quais fazem compras e adquirir em sites de empresas com boa reputação na web. O Procon tem uma lista de empresas idôneas, que o consumidor pode consultar. Quando compra em uma empresa fantasma, geralmente o faz pelo preço”, explica.

A pesquisa mostra que 34,4% dos usuários da internet não têm nenhum software para proteger os seus dispositivos. Outro dado que mostra o consumidor um pouco mais relaxado revela que diminuiu a quantidade de pessoas que leem integralmente os termos de uso dos sites de e-commerce. Neste ano, apenas 33,4% disseram que sim, contra o percentual de 39,5% em 2013 e de 53,7% em 2012.

A maioria dos entrevistados, ou 65,7%, disseram não saber a razão pela qual muitos serviços de busca e e-mail são gratuitos. Por outro lado, 69,6% disseram que não confiam na guarda de seus dados pessoais nestes mesmos sites. Mais um fator de risco no comportamento do consumidor na rede é o aumento do percentual de pessoas que se interessam por produtos e serviços por e-mail sem tê-los solicitado, que avançou de 41,3% para 46,9%.

Neste ano, a decisão de compra dos usuários foi mais influenciada pelas redes sociais. O percentual dos que assumiram que essa influência existe passou de 36,3%, em 2013, para 41,9% este ano. “O maior problema dos usuários é a falta de conhecimento. Com o Marco Civil isso tende a melhorar, já que as pessoas terão educação digital nas escolas”, conclui.

Arte: MAX

Megarroubo virtual

Um círculo criminoso russo acumulou a maior coleção conhecida de credenciais de acesso à internet, o que inclui 1,2 bilhão de senhas e nomes de usuários, além de 500 milhões de endereços de e-mail. A descoberta foi feita por uma empresa de segurança de Milwaukee, Estados Unidos, a Hold Security, segundo informou a publicação The New York Times (NYT).

Os alvos dos criminosos são os mais diversos: desde empresas listadas entre aquelas de maior faturamento do mundo até pequenos sites, dentro e fora dos Estados Unidos. representantes da Hold Security chamaram a atenção para o fato de a maioria dos sites hoje serem vulneráveis a estes tipos de ação.

A matéria da NYT diz que há uma preocupação entre os especialistas em segurança da internet quanto à real capacidade de impedir as ações de criminosos virtuais. Para eles, esta é cada vez mais “uma batalha perdida”.

O texto lembra que em dezembro do ano passado 40 milhões de números de cartões de crédito e 70 milhões de endereços, números de telefone, além de outras informações pessoais foram roubadas da gigante do varejo Target por hackers da Europa Oriental. Outros 200 milhões de registros pessoais foram roubados em outubro de 2013 no Vietnã. Mas nada se compara à recente ação do grupo russo.

Celular precisa ser seguro e fácil

Apesar de a segurança de transações financeiras no celular depender de um sistema operacional com proteção e de medidas que devem ser adotadas pelo usuário (como o cuidado com senhas e antivírus), o aparelho é seguro contra um tipo de vírus que altera a sequência numérica do boleto na hora da impressão. “O leitor do celular captura a imagem do código de barras, algo que é difícil de alterar”, comentou Gustavo Ribeiro, superintendente de Novos Negócios da Rede, durante o VI Congresso Fecomercio de Crimes Eletrônicos. Curiosidades à parte, o executivo disse que não há dispositivo 100% seguro. O que vai fazer o celular deslanchar como meio de pagamento não é só a segurança, mas uma solução que o torne tão fácil para o consumidor como tirar o cartão de plástico da carteira e digitar uma senha. “Um lojista dificilmente vai usar apenas o celular para receber pagamentos e depender do serviço de telefonia. Isso geraria uma fila grande. E a bateria poderia acabar. Essas soluções têm sido eficazes para os vendedores de ocasião”, afirmou Ribeiro.

Ribeiro disse que estuda inovações nesta direção. Para ele, os aplicativos têm se mostrado eficientes para tornar o celular um meio de pagamento. Já o NFC (Near Field Communication, tecnologia que permite a troca de informações sem fio) é uma solução que está em estudos por Apple, Google e Microsoft. No entanto, o NFC não está dentro de todos os aparelhos smartphones, o que é um entrave para que a tecnologia decole. A biometria, na opinião do executivo, ainda é incipiente.

Segundo Flavio Xandó, fundador da FX Soluções em Informática, no Brasil há 18 milhões de estabelecimentos comerciais com potencial para receber pagamentos por celular. Ele disse que o pagamento por celular pode ser uma ferramenta de inclusão financeira. “Hoje há 56 milhões de pessoas sem conta-corrente, ou 40% da população”, disse.

Para Ribeiro, da Rede, enquanto pouca gente utiliza o celular como carteira, cresce a substituição do computador pelo celular na hora de fazer compras online. A estimativa é que, até o fim do ano, 10% das compras pela internet no Brasil sejam realizadas pelo celular, atitude que nos EUA é chamada de compra de sofá. Ele reforçou que o incremento de usuários que compram pelo celular dependerá de aplicativos que tornem essa experiência mais simples e prática, sem que a pessoa tenha de preencher enormes formulários na pequena tela.

Por Rejane Tamoto

Fonte: Diário do Comércio – SP

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